Goencheo Mhonn'neo - II | Adágios Goeses - II
Neste número, em continuação do anterior (Revista da Casa de Goa, 2022, II Série, No. 17, pp. 35-38), divulgamos mais adágios seleccionados e traduzidos, do valioso repositório bilíngue (concani-português), Enfiada de Anexins Goeses, da autoria de Roque Bernardo Barreto Miranda.
Entretanto, no texto que segue, note-se seis vocábulos portugueses concanizados: Entrudo; Páscoa; festa; cruz; experimentar; letrado. É que o português e o concani mutuamente se influenciaram.
Tradução literal | Tradução livre | |
Moddvol’achém moddém bâ’yr kaddlyâ bagôr, kãy colo’na. | Só quando vai-se enterrar
um mainato, se avalia se era ou não do próprio, a roupa com que em vida se vestia. |
Há oportunidades
que mostram realidades.
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Roddtyâ dadlyak ani hanstê baylek patiyevum na ye. | Do homem a chorar
e da mulher que ri, é bom desconfiar. |
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Anddir assá cheddó, sodunk bountá sogló vaddó. | Tendo o filho à ilharga, vagueia
a buscá-lo por toda a aldeia.
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Quem não anda com tento e atenção,
não nota até no que está junto à mão. |
Sat’tê fuddém xahaneponn kityak upcara na. | Ante o poder ou pressão,
não prevalece a razão. |
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Mas khailolém Intrudak, dênk ayló Pascanchyá-festak. | Comera carne
Na ocasião de Carnaval E teve arrôto No dia da Festa Pascal.
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Atribuir, sem razão,
o resultado ou efeito a uma causa de ficção. Variante A coisa passou outr’ora, e vem tratar dela agora. |
Dilolém naká, sanddlolém zay. | Não quer quando é of’recido,
E quer, quando está perdido. |
Quando tem, não aproveita,
rejeita a utilidade, e quando há falta, sente a sua necessidade. |
Anthurun pormaném pãyem sôddche. | Conforme a cama
que possuir estenda os pés para dormir. |
Para governar-se sempre bem,
Tem que viver-se co’ o que tem. |
Moddlolyá kursák kon mann di na. | A cruz, que se vê quebrada
por ninguém é respeitada.
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A quem deixou de ser rico ou potente,
festas e adulações não faz a gente. |
Goroz zaly, voiz meló. | Conseguido o objectivo
morreu o facultativo.
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Obtido o favor
já não mais se lembram do seu benfeitor. |
Experimentar zalyá sivay, letrad zay na. | Sem experiência ter
letrado não chega ser.
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É sempre p’la observação
Ou prática, que das coisas Se tem a melhor noção. |
(Publicado na Revista da Casa de Goa, Série II, No. 18, Setembro-Outubro de 2022, pp. 33-34)