Segue uma nona lista de adágios,[1] extraídos do livro Enfiada de Anexins Goeses, obra bilíngue (concani-português), de Roque Bernardo Barreto Miranda (1872-1935)[2].

  1. Concani | 2. Tradução literal | 3. Tradução livre

1. Xelyá angar bibó. | Xellia angar bibo.

2. Sobre o corpo são,

suco de anacardo

(p’ra causticação).

3. Ter injusto sofrimento

ou pena, sem fundamento.

 

1. Venttó laslyar, vôll vhossó na. | Vennto laslear voll vochona.

2. Uma corda torcida

estando até queimada,

a sua torcedura

não fica desvincada.

3. Apesar de estar punido,

não fica ele corrigido.

 

1. Duddú nant taném tarir poiló bossunk zay. | Duddu nant tannem tarir poilo bosunk zai.

2. Numa barca de passagem,

deve meter-se primeiro

quando alguém, para pagar

o nauta, não tem dinheiro.

3. Quem não tiver protecção

deve ir sempre, antes de outros,

fazer sua petição.

 

[1] Cf. oitava lista, Revista da Casa de Goa, Série II, No. 29, julho-agosto de 2024, p. 51.

[2] Roque Bernardo Barreto Miranda, Enfiada de Anexins Goeses, dos mais correntes (Goa: Imprensa Nacional, 1931), com acrescentamento dos adágios na grafia moderna, pelo nosso editor associado Óscar de Noronha.

First published in Revista da Casa de Goa, Series II, Sep-Oct 2024, pp __