Segue uma quinta lista de adágios,[1] extraídos do livro Enfiada de Anexins Goeses, obra bilíngue (concani-português), de Roque Bernardo Barreto Miranda (1872-1935)[2].

Concani | Tradução literal | * Tradução livre

Jiuak suk, pottak duk. | Jivak sukh, pottak dukh.

Para a vida, quietação.

Para a barriga, inanição.

* Quem preguiça e não trabalha,

não ganha p’ra a vitualha.

Fonddachy maty fonddak. | Fonddachi mati fonddak.

A terra de uma cova

não chega para mais,

senão à mesma cova.

* Querer alguém aumentar

os bens ou a fruição,

além da capacidade,

é gastar o esforço em vão.

Borém zalyar noureá-ôclêchém, vaitt zalyar, raibareachém. | Borem zalear novrea-voklechem, vaitt zalear, raibareachem.

Se o consórcio for feliz,

deve-se o êxito fagueiro

aos noivos; sendo o contrário,

a culpa é do medianeiro.

Sambhar cabar zalyar, sacaçó vás vhossó na. | Sambar kabar zalear, sakacho vas voch’na.

Embora esteja esvasiado

o saco de condimentos,

ele há-de exalar o cheiro

de temperos e pimentos.

* Um homem embora esteja

hoje pobre, desditoso,

não perde o aprumo que teve

quando rico ou venturoso.

Vaitt chintit tém yetá ghârá, vhossó na xezará. | Vaitt chintit tem ieta ghora, vochona xez’ra.

Quem quer mal a outrem, ele próprio o alcança,

E não sofre nunca a vizinhança.

* O mal que se quere à gente,

sofre-o o próprio malquerente.

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[1] Cf. quarta lista, Revista da Casa de Goa, Série II, No. 24, setembro-outubro de 2023, pp. 45-46

[2] Roque Bernardo Barreto Miranda, Enfiada de Anexins Goeses, dos mais correntes (Goa: Imprensa Nacional, 1931), com acrescentamento dos adágios na grafia moderna, pelo nosso editor associado Óscar de Noronha.

(Publicado na Revista da Casa de Goa, Serie II, No. 25, nov-dez 2023, pp. __)