Da Gazeta à Voz: 163 anos do jornalismo da língua portuguesa em Goa

A chegada fortuita da máquina tipográfica a Goa, no ano de 1556, foi um marco importante na vida do território indo-português. Com essa tipografia de tipos móveis, a primeira do seu género na Ásia, a capital do império português oriental tornou-se um centro publicitário. Não tem explicação, porém, a ausência de obras impressas durante vários períodos, sendo talvez o mais gritante de todos o silêncio de 67 anos, provocado pelo encerramento das tipografias em Goa, em 1754, por ordem do Governo pombalino, que se prezava de liberal: uma longa e curiosa história[1] que fica fora do âmbito deste escrito. Depois, voltando à actividade, Goa permaneceu como centro promotor da cultura luso-indiana até o fim da presença portuguesa na Índia, em 1961, enquanto o jornalismo exercido nesse idioma gozou dum acréscimo de um quarto de século.

Primeiro periódico

O primeiro periódico de expressão portuguesa em Goa (Fonte: A Evolução do Jornalismo na Índia Portuguesa)

O raiar do Constitucionalismo[2] quebrou aquele silêncio desolador. Em 22 de dezembro de 1821, saía da Oficina Tipográfica do Governo, instalada no rés-do-chão do Palácio do Idalcão (cujo primeiro piso era a residência oficial do Vice-rei da Índia), o primeiro jornal da Índia Portuguesa: Gazeta de Goa (Figura 1). Era redactor António José de Lima Leitão, físico-mor e intendente-geral da agricultura da Índia, que teve papel preponderante na implantação do regime liberal no território.

Semanário, de formato pequeno, a Gazeta deveria conter ‘as deliberações do Governo, o cadastro mensal da receita e despesa do tesouro público, do Senado da Câmara, da Santa Casa da Misericórdia, e outras notícias nacionais e estrangeiras’.[3] Mas não ficou por aí: além de noticioso, foi ideológico e até faccioso. Dava à estampa só cartas assinadas, o que obrigava os signatários a assumir a responsabilidade das suas afirmações. Na capital, a Gazeta era distribuída pelo correio, e fora dela, por particulares – tal o entusiasmo com que era recebido o periódico oficial.

No entanto, a tipografia estatal foi pasto para intrigas, pois, por razões de viabilidade económica, vinha publicando panfletos de autoria de particulares, a versar controvérsias militares e clericais.[4] Agravou-se a situação após a saída de Lima Leitão, que redigiu o boletim até o número 8, isto é, até a altura da sua partida para Lisboa como um dos primeiros três Deputados às Cortes Portuguesas[5].

Sucedeu-lhe como redactor o capitão pernambucano Luís Prates de Almeida e Albuquerque. Este, depois de envolvido na revolução de 1817 no Brasil, viera à Índia Portuguesa como oficial-maior da Secretaria na Índia. Ardoroso liberal, durante o seu mandato o jornal foi instrumento de rixas políticas entre os liberais e os monárquicos. Redigiu o jornal por menos de seis meses, ou seja, até o número 27, pois em 15 de julho de 1822 era assassinado pela companhia dos granadeiros, em reacção a uma reclamação sua contra o Exército.

Em seguida, José Aniceto da Silva esteve à testa até o último número da Gazeta de Goa, que saiu em setembro de 1826. O 14.֯ conselho de governo[6] mandara cessar a publicação do jornal, sob o pretexto de que ‘sempre o governo passou sem imprensa e sem Gazeta até a infeliz época da revolução, e nestes tempos desastrosos só produziu males, e que achando-se actualmente os tipos imprestáveis, não havia inconveniente em se suspender a Gazeta’.[7] E, suspenso sine die o primeiro jornal de Goa, foram recolhidos ao Arsenal os tipos e os prelos.[8]

Os números da Gazeta de Goa formam seis volumes: o 1.o (1821), contendo 8 páginas; o 2.o (1822), 210 páginas; o 3.o (1823), 217 páginas; o 4.o (1824), 312 páginas; o 5.o (1825), 244 páginas; e o 6.o (1826), 173 páginas.[9] É uma pena constatar que a antiga Biblioteca Nacional de Goa, ora Krishnadas Shama Central Library, não possui nenhum exemplar dessa primeira publicação oficial.[10] Consta, porém, que a Biblioteca Nacional de Portugal possui os respectivos microfilmes.[11]

Expansão da potencialidade intelectual

Tal como a tipografia seiscentista, pioneira na ‘famosa arte de imprimissão’ em todo o Oriente, a Gazeta de Goa brilhou pelo pioneirismo na imprensa escrita no Oriente português.[12] E se, por um lado, as lutas políticas da altura criavam um ambiente propício à desordem, no dizer de António Maria da Cunha[13]; por outro, elas não deixaram de dar expressão ao fervilhar ideológico dos nativos. Grande instrumento da manifestação do pensamento e sentimento, a imprensa deu expressão às forças criativas das elites locais, que entretanto se empenhavam por participar junto com a oficialidade portuguesa tanto na imprensa como na governação[14]– outra novidade da época!

No resto do século XIX, o alargamento da instrução pública concorreu para criar, como diz Filinto Cristo Dias, ‘um clima propício à expansão da potencialidade intelectual do indo-português, cujo talento maleável se achava já apto a produzir uma arte caracteristicamente sua: nova literatura em língua portuguesa.’[15] Veja-se o exemplo disso nos almanaques – repositórios das primícias literárias do goês; nos periódicos literários; e nas obras de historiografia, de poesia e de ficção, para não falar da fundação do Instituto Vasco da Gama, que, sob a égide do Poeta Tomás Ribeiro, então secretário-geral do Governo, veio coroar os esforços culturais dos goeses, dando-lhe o selo da aprovação.

Dentro desse movimento literário, porém, ninguém pode tirar ao jornal o papel de relevo que teve no quotidiano goês. Note-se que, a seguir à Gazeta, a Índia Portuguesa teve 18 periódicos de carácter, seja oficial, literário ou religioso, até que surgiu, em 1859, o primeiro jornal, bissemanário, de iniciativa particular: O Ultramar[16]. Entre esse ano e o fim do século, surgiram 73 periódicos expressos em português. Embora muitos deles tivessem sido de pouca dura, marcaram o início de uma notável aprendizagem jornalística e da própria língua portuguesa que, não obstante o seu secular estatuto oficial, não estava largamente difundido.

No entanto, mesmo de entre jornalistas houve alguns que cultivaram o idioma com esmero até ao ponto de purismo. Por isso, já nos princípios do século, dizia Alberto Marques Pereira, professor do Liceu de Nova Goa: ‘Ninguém certamente contestará que nesta terra, de há anos a esta parte, se escreve melhor português quer em artigos de jornais, quer em composições literárias de qualquer género. Onde buscar a origem deste rejuvenescimento das letras neste nosso pequenino torrão? Onde fixar as fontes ou modelos que determinaram esse relativo aperfeiçoamento quer na forma quer nas ideias apresentadas? No jornalismo, por ventura, senão positivamente na fundação das sucessivas gazetas diárias que têm aparecido.’[1 7]

Maturidade

Foi um grande passo, no processo do desenvolvimento jornalístico, a fundação de O Heraldo, o primeiro diário do Ultramar português[18], no ano de 1900. Seguiram-se-lhe mais de 70 periódicos em português, destacando-se os matutinos Heraldo (1908)[19] e A Vida (1938)[20], os vespertinos O Comércio (1909)[21] e Diário da Noite (1912)[22], os semanários Debate (1911)[23] e Bharat (1920)[24] e os bissemanários A Terra (1916)[25] e Luz-Pracasha (1928)[26], para falar só de publicações de interesse geral.

A maioria dos jornais eram sediados na capital; mas os concelhos de Salcete e de Bardez não deixaram de ter jornais importantes. E, já nos fins do século XIX era patente a actividade literária dos hindus, e mais intensamente desde os princípios do século XX, como colaboradores, redactores e proprietários de jornais em português ou bilíngues[27]. Houve ainda jornais de índole religiosa, científica, literária, e histórica, como se viu do historial que fez Francisco da Purificação Monteiro, em três números anteriores da nossa Revista[28]. E certos periódicos generalistas publicavam uma página de cultura, ou secção literária, ou ainda um ‘purgatório’ da linguagem.

Dir-se-ia que pelos jornais acima citados passaram os melhores literatos do território. A maioria deles não eram jornalistas de carreira; eram médicos, advogados, professores, e sacerdotes, que se dedicaram à imprensa, a tempo inteiro ou parcial – e ditaram cátedra. Na opinião de Filinto Cristo Dias, eram ‘individualidades dotadas de inteligência lúcida e enriquecida de largo e profundo saber, conhecedoras dos homens e do meio em que viveram e manejando a língua portuguesa como se a tivessem bebido com o leite materno.’ Graças a eles, atingiram maturidade o jornalismo goês e a própria língua em que eles se exprimiam.

Qual o impacto da censura à Imprensa, a partir de 1938? Note-se que, em geral, só era proibido criticar o regime, porém, era livre versar qualquer outro assunto – ao contrário do que sucede hoje mesmo em regimes ditos democráticos. Os jornais de outrora pugnavam por ideais – e, por isso, tomemos que as manias de polémica eram les défauts de ses qualités; por outro lado, é de apreciar que os jornais não tivessem sido obras de negócio, que são o flagelo dos nossos dias. Infelizmente, batia já a hora do jornalismo de expressão portuguesa em Goa. Efectivamente, no ano de 1961, mudaram-se os tempos e as vontades.

Último jornal de expressão portuguesa

O último número do último periódico goês na língua portuguesa

Não é difícil de imaginar os factores que foram desfavoráveis à língua portuguesa, no novo condicionalismo político em Goa. Encerrou-se O Heraldo com a brusca retirada do seu redactor principal, Álvaro de Santa Rita Vás, para Portugal; o antigo quinzenário A Índia Portuguesa, da direcção de Leonor de Loyola Furtado e Fernandes, além de obrigado a mudar o nome para A Índia, foi vítima de censura. Ainda mais significativo, porém, era o facto de o luso-falante ser ‘marcado com o ferrete de pró-português[29]. Não admira, pois, que, por financeiramente inviáveis, se tenham fechado o Diário da Noite, em 1967, A Vida, em 1968, e A Índia, em 1976.

Não deixaram de aparecer, porém, novos periódicos: o mensário Globo[30] e o anuário Harpa Goesa, ambos fundados em 1968; o semanário Era Nova[31]  e o quinzenário Ressurge Goa[32], ambos em 1970. Desapareceram esses quatro em questão de uma década, ficando só a Revista anual da Academia da Língua e Cultura Portuguesa (1981-85) e o antigo Boletim trimestral do Instituto Vasco da Gama (redenominado Menezes Bragança), ora bilíngue (1962-90).

Nada, porém, foi tão definidor como o desaparecimento de O Heraldo, em 1983, o qual, uns anos antes, o jornalista português Antunes Ferreira havia referido como ‘esse milagre de todos os dias’[33]. Lamentava o seu director, Carmo Azevedo, em um dos seus últimos editoriais, que era ‘verdadeira desgraça o único diário português da Índia acabar, quando o interesse pela Língua Portuguesa se desenvolve por todo o mundo.’[34]

‘Prevendo que esse jornal ia fechar – informa Fernando de Noronha – levámos um grupo de entusiastas a fundar um semanário: A Voz de Goa (Figura 2), com o subtítulo ‘órgão de cultura e difusão da Língua Portuguesa’.[35] Tinha como directores-editores Máximo de Meneses e Benício Nunes, e como secretário da redacção, o mesmo Noronha. Esse jornal de formato pequeno e de seis páginas era propriedade duma Sociedade homónima, expressamente formada. Com excepção de Nunes, médico, que fora director de O Heraldo, os promotores não eram profissionais da imprensa, mas indivíduos que sempre tiveram como meio de expressão o idioma luso.

A Voz de Goa foi o derradeiro representante da imprensa goesa em língua portuguesa. Teve boa aceitação, mas não deixou de ser objecto de crítica. Contava com uma vintena de colaboradores regulares[36] e mais de mil assinantes. Noronha, antigo funcionário público, que levava a peito a causa da língua portuguesa, iniciara, entre outras, a secção intitulada ‘Em Prol da Língua Portuguesa’. Observava um colunista do moribundo O Heraldo que para um jornal se chamar ‘a voz de Goa’ teria necessariamente de ser um jornal em concani. Além disso, Meneses, médico e proprietário, pela série de editoriais que escreveu sobre a reforma agrária, foi visto como promotor dos interesses da classe senhorial. Enfim, em menos de um ano, fechou essa empresa jornalística, ‘não só por razões de ordem financeira, mas também dada a idade avançada da maioria dos referidos entusiastas.’[37]

No segundo centenário do jornalismo goês, cabe lembrar a saga do primeiro ao último periódico da língua portuguesa em Goa. Se a Gazeta de Goa foi o iniciador da imprensa e impulsionador do idioma, A Voz de Goa quisera ser o agente difusor e foi, na verdade, o último herdeiro da imprensa luso-goesa centenária nesse território que, no dizer de Vimala Devi e Manuel de Seabra, era, em tempos, a ‘sede da difusão da cultura lusa no Oriente’.[38]

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

[1] Cf. ‘Pressing Forward: The Story of Print in Goa,’ por Óscar de Noronha, in Commemorating Christ in Goa, ed. Isabel de Santa Rita Vás (Goa: Third Millennium, 2014).

[2] A máquina tipográfica, encomendada, para uso oficial, pela 1.ª junta provisional, que substituiu o Vice-rei Conde de Rio Pardo, chegou de Bombaim após a instalação da 2.ª junta provisional em 3 de dezembro de 1821.

[3] António Maria da Cunha, ‘A Evolução do Jornalismo na Índia Portuguesa,’ in A Índia Portuguesa (Nova Goa: Imprensa Nacional, 1923), Vol. II, p. 507. Note-se que também Macau adquiriu uma máquina impressora na mesma altura, vindo a publicar o primeiro número do periódico Abelha da China em 12 de setembro de 1822 (cf. Hélder Garmes, ‘Goa e Macau: às margens do macrossistema literário de língua portuguesa’, in Simas, Monica (Org.), Estudos sobre Macau e outros orientes (São Paulo: Paulistana, 2017), p. 176.

[4] Dentro de um ano foram publicados pelo menos 11 panfletos, cf. Rochelle Pinto, Between Empires: Print and Politics in Goa, (New Delhi: Oxford University Press, 2007)

[5] Em 14 de Janeiro de 1822, foram eleitos Bernardo Peres da Silva e Constâncio Roque da Costa, ambos nativos, e António José de Lima Leitão, reinol. Chegaram a Lisboa em 1823, precisamente quando o Rei Dom João VI, restaurando o governo absoluto, dissolvia as Cortes.

[6] Entrou em função por via de sucessão após a morte do 50.֯ vice-rei D. Manuel da Câmara (1825-1826).

[7] Cf. Portaria de 29 de agosto de 1826, in António Maria da Cunha, op. cit., p. 508.

[8] António Maria da Cunha, op. cit., p. 508.

[9] Aleixo Manuel da Costa, Dicionário da Literatura Goesa (Macau: Instituto Cultural de Macau e Fundação Oriente, s.d.), Vol. II, p. 30

[10] Henry Scholberg, Bibliography of Goa and the Portuguese in India, New Delhi: Promilla & Co. Publishers, 1982, p. 285.

[11] Liladhar Ramchandra Pendse, ‘19th Century Periodicals of Portuguese India: An Assessment of Documentary Evidence and Indo-Portuguese Identity’, 2013. https://escholarship.org/uc/item/9nm6x7j8

[12] O primeiro jornal da Índia Britânica, Hicky’s Gazette, data do ano de 1780.

[13] António Maria da Cunha, Ibid.

[14] Cf. Rochelle Pinto, op. cit., p. 122.

[15] Filinto Cristo Dias, Esboço da História da Literatura Indo-Portuguesa (Goa: Tipografia Rangel, 1963), p. 22.

[16] A este semanário, fundado e editado, em Margão, por Bernardo Francisco da Costa, seguiu, em 1861, A Índia Portuguesa, fundado por M. L. de Franco Miranda, em Orlim, concelho de Salcete, foi mais tarde editado por José Inácio de Loyola. Tornaram-se, respectivamente, órgãos dos partidos políticos Ultramar e Indiano.

[17] In O Heraldo, 10 de outubro de 1909, cit. por Filinto Cristo Dias, op. cit., p. 79.

[18] Fundado, em Pangim, por A. C. Messias Gomes e transformado em diário de língua inglesa, pelo novo proprietário, A. C. Fernandes, em outubro de 1983.

[19] Fundador e director: António Maria da Cunha, que de 1901 a 1908 dirigiu O Heraldo, de Pangim.

[20] Fundado, em Margão, por “seis burgueses” – como se referiam a si próprios os fundadores – Sales da Veiga Coutinho, Pedro Correia Afonso, António Colaço, Rosendo Barreto Xavier, Francisco Correia Afonso e Peregrino da Costa.

[21] Fundado e redigido, em Pangim, por A. X. Gomes Pereira.

[22] Fundado e redigido, em Pangim, por Luís de Meneses.

[23] Director e redactor: Luís de Menezes Bragança, em Pangim. Terminou em 1921.

[24] Sediado em Quepém, suspendeu-se em 1949, com a morte do seu Redactor, Govinda Hegdó Dessai.

[25] Fundado e redigido por Libério Pereira, em Margão, encerrou-se em 1935.

[26] De Pangim; fundado por Venctexa Sardesai e redigido por Luís de Menezes Bragança, até o último número, em 1937.

[27] Português-marata, concani-português, português-inglês.

[28] Francisco da Purificação Monteiro, ‘A história da imprensa portuguesa em Goa (1821-1963)’, in Revista da Casa de Goa, II Série, N.º 13, Novembro-Dezembro 2021, pp. 14-16; N.º 14, Janeiro-Fevereiro 2022, pp. 5-10; N.º 15, Março-Abril 2022, pp. 21-24.

[29] Fernando de Noronha, Goa tal como a conheci (Goa: Third Millennium, 2018), p. 101.

[30] Fundado, em Pangim, por António de Meneses, antigo redactor do Diário da Noite. Fechou em 1977.

[31] Fundado, em Pangim, por Carmo Azevedo, durou menos de um ano.

[32] Fundado por Telo de Mascarenhas, em Camurlim, concelho de Bardez; depois quinzenário, que fechou em 1979.

[33] ‘Goa em tempo de hoje’, Diário de Notícias, de Lisboa, 22-26 de novembro de 1980.

[34] Cit. por Fernando de Noronha, op. cit., p. 102

[35] Fernando de Noronha, ibid.

[36] Nos 46 números do semanário, colaboraram mais de 70 indivíduos, sendo os seguintes, na ordem do seu aparecimento, os mais assíduos: Filinto Cristo Dias, Bailon de Sá, José Rangel, Cyrano Valles, Pedro Lobo, Leão Pinto, Eduardo de Sousa, Álvaro da Silveira, Aires Martins, Domingos Teles, Alberto Cotta, Áureo de Quadros, Maria Julieta G. da Costa e Andrade, Carmo da Silva, Nicácio Dinis, Agapito Lourenço, Roberto Pacheco e Silva, Óscar de Noronha, J. Paulo Gomes, B. Furtado, Miguel de Miranda.

[37] Fernando de Noronha, ibid.

[38] Vimala Devi e Manuel de Seabra, A Literatura Indo-Portuguesa (Lisboa: Junta das Investigações do Ultramar, 1971), p. 131.

Publicado na Revista da Casa de Goa, Série II, No. 16, Maio-Junho de 2022, pp. 6-11


A Wobbly Webinar on the Goa Inquisition

A few hours ago I watched a webinar on the Goa Inquisition, subtitled “untold atrocities by St Francis Xavier and missionaries”. It was flawed from the very beginning, for although St Francis Xavier had wanted the tribunal to put an end to profligacy in the city of Goa, he died in 1552, eight years before it was established. Nor did the panelists accuse any other missionary, in the course of the ninety-minute long proceedings.

The session began with a demand that the horrors, atrocities, brutalities, cruelties, what have you, of the Goa Inquisition be made known to the world, and a museum established at the earliest. You can be sure the webinar was hardly an academic exercise, not just because three out of the four speakers there are politically affiliated, but because the so-called “online exhibition” was exhibitionist, marked by cheap rhetoric and wild exaggeration.

The only academic present on the panel quickly rattled off dates. His only argument was that the Catholics of today are not to be blamed for what happened centuries ago. He should have also brought out the nature of the tribunal; he didn't do so, yet he didn't fail to make some sweeping statements. The professor presented no counter-argument to the macabre theory developed by the organisers of the webinar; but that’s because the other speakers did not put forth any argument in the first place. They were in plain accusation mode; it was all sound and fury, signifying nothing.

When dealing with such a sensitive historical issue, one would expect at least one honest and fair-minded panelist to state the meaning, nature and functions of that much maligned ecclesiastical court of law, and let the listeners make up their minds. On the contrary, the speakers were not only highly critical, they issued summary judgements – something that the very tribunal under attack never did! The tribunal sure had shortcomings but it did follow well laid out procedures and give the accused the right to defend themselves.

Was it that the panelists did not have enough time to go into the main aspects of the Inquisition? Not at all. Going by the organisers’ track record, one would not expect them to give evidence, weigh each word as they spoke, and see both sides of the issue... And how could one expect them to lay their cards on the table? That would in fact have knocked the wind out of their sails. That would have taken the sting out of their agenda.


Fort and Church of Reis Magos

On the right bank of the Mandovi, facing Panjim's river front boulevard at Campal, stand a fort and church called Reis Magos (The Magi), landscaped by red rocks, yellow-green vegetation and a fishing village. The turreted walls and baroque façade in this chromatic setting come out soft in the morning rays, turn awesome at noon, and are a sight to behold when silhouetted by the setting sun or bathed by the moon.

Perched on the south-eastern edge of the Bardez tableland, the citadel was constructed in 1551, enlarged on different occasions, and finally re-erected in 1707. It is now X-shaped with two inner courtyards. Together with Gaspar Dias, its counterpart on the opposite shore, it was meant to provide the second line of defence for the capital should the enemy manage to sail past the Aguada and Cabo forts. Interestingly, the fort that acted as a minor jail until 1993 was where, over a century ago, Madhav Rao, the rajah of Sawantwadi stayed when on an official visit to Goa with a retinue of 1500 men, 1000 horses and 4 elephants.

A perennial nearby spring with abundant potable water catered to the fort; but to nourish the soldiery with "living water" the Franciscans erected a church alongside its walls in 1555. This three-storied edifice (the taluka's first), with its impressive light of steps, was part of their now extinct mission centre. Their college promoted Konkani studies, and produced eminent churchmen like Dom Matheus de Castro, Goa's first bishop. It was also there that both viceroys and bishops sojourned prior to assuming office upon their arrival in Goa, or after relinquishing it. Some of them lay buried within the church precincts; the walled parish graveyard nestling on an intermediate level between the church and the fort came much later.

In Goa, by Antony Hutt (Essex: Scorpion Publishing Ltd, 1988)

This historic locale, called Verem, is now better known for its annual celebration of the feast of the Epiphany on 6 January. No viceroy, bishop or nobleman now attends; it is only three village boys in gala attire who still play the Magi. They descend from the ramparts (earlier they did it on horseback), carrying their precious gifts and the solemn Mass begins even amidst the din of the traditional fête outside. Only trinkets though they sold- and not gold, frankincense or myrrh in the tradition of the Magi the fair that was once worthy of the fort's enclosure has now become a roadside affair. But the joy it brings to all that throng to it! What form all these customs will take when the fort turns into a heritage hotel soon, only time will tell!

Banner: https://rb.gy/xjugos

First published in 'Heritage Point', Panjim Plus, 1-15 January 2002, p. 6