Seminário Patriarcal de Rachol salva precioso património
O edifício do Seminário Patriarcal de Rachol da Arquidiocese de Goa, construído pelos jesuítas no século XVII, guarda um precioso património. Em algumas das suas robustas paredes encontram-se pinturas que retratam cenas bíblicas, a vida dos santos, e elementos da doutrina católica. São reproduções de quadros de artistas renascentistas: Rubens, Rafael, Miguel Ângelo e Caravaggio.
Outras pinturas dizem respeito aos Patriarcas da Arquidiocese e a fundadores de ordens religiosas. Vêem-se também obras de Ângelo da Fonseca, conhecido como o “Pai da Arte Cristã Indiana”.
Trata-se de mais de 150 pinturas executadas por artistas locais entre os séculos XVII e XX, em três formas: frescos, telas e óleo sobre madeira.
Por falta de recursos humanos e financeiros, essas pinturas foram deteriorando ao longo dos tempos. A partir do ano de 2017, graças à iniciativa do Reitor Dr. Padre Aleixo Menezes e à boa-vontade de Caterina Goodhart, directora da Escola de Conservação de Quadros e Molduras, de Londres, vários goeses e estrangeiros por ela treinados, ajudaram a restaurar as obras de arte, no âmbito do projecto intitulado “Restauradores sem fronteiras”, iniciado pela profissional londrina.
Até hoje estão restauradas as seguintes pinturas e imagens:
- Retratos dos Patriarcas Mateus de Oliveira Xavier, Teotónio Vieira de Castro, José da Costa Nunes e José de Vieira Alvernaz;
- Tela da autoria do general José Francisco de Assa, a qual retrata o Rei Dom Sebastião, que facultou a construção do Seminário;
- Uma outra, setecentista, representando a levitação de S. Francisco Xavier, no acto de administração da Sagrada Comunhão;
- Retratos de Maria Madalena, Santo António e o Menino Jesus, em estilo flamengo.
As obras do Seminário não só valem em si mas também por serem trabalhos de artistas locais. Reforçam a história e identidade artística do território, além de serem um óptimo meio de transmitir a Fé. Nas palavras do padre Victor Ferrão, professor do mesmo seminário, são elas uma “imagem do céu na Terra” e constituem uma “Bíblia visual” nas paredes.
(in Revista da Casa de Goa, Jan-Fev de 2021)