Os vinte cinco anos da Fundação Oriente em Goa...

Entrevista ao Dr. Carlos Monjardino, Presidente do Conselho da Administração da Fundação Oriente, por Óscar de Noronha

ON – Senhor doutor, muito boa tarde, e obrigado por nos receber! E desde já parabéns pelo jubileu da prata da Delegação da Fundação Oriente em Goa!

Séde da Delegação da Fundação Oriente em Pangim, Goa

CM – Boa tarde e muito obrigado! É sempre um prazer.

ON – Que balanço faz aos últimos 25 anos?

CM – Os primeiros anos foram, não digo difíceis, mas demoraram algum tempo a passar. Tínhamos algumas limitações – não muitas, porque desde o início tivemos um grande suporte por parte de quem tinha que nos “fiscalizar”: era o ICCR [Indian Council of Cultural Relations]. E logo a seguir quando eu fui ter com eles em Delhi, para lhes apresentar o primeiro projecto, o primeiro plano de actividades da Fundação aqui, que eu insisti que era para a Índia e não só para Goa, porque na altura, é bom saber, há 25 anos, as relações não eram as que são hoje. E, portanto, expliquei que estaríamos instalados em Goa, mas que a nossa acção ia para além de Goa também, como tinha que ser.

Nessa altura não tivemos quaisquer problemas. Analisaram o nosso plano de actividades. Houve uma única coisa que não quiseram que nós fizessemos, que foi ter uma livraria portuguesa em Goa. Não quiseram (a rir) mas isso também não teve problema nenhum, porque, passado muito pouco tempo, fizemos aqui uma feira de livros – foram duas, aliás, feitas por nosso comum amigo António Alçada Baptista, que gostava muito de Goa e que organizou muito bem essas duas feiras... foram um sucesso imenso.

Pronto, as coisas foram correndo. Fomos apoiando projectos aqui; fomos publicando algumas obras de escritores locais; também todos os anos vamos dando algumas bolsas de estudo; fomos apoiando o ensino de português que até hoje continuamos, e nós hoje temos 14 ou 15 professores de português que, de alguma maneira, têm um apoio nosso para ensinar português aqui...

E, portanto, fomos andando… Temos aquela célebre exposição que todos conhecem, do [António Xavier da] Trindade, lá na delegação da Fundação. É um pintor maior e, portanto, em qualquer sítio do mundo era conhecido como o Rembrandt daqui da zona...

ON - O Rembrandt do Oriente!

CM –  ... do Oriente, e fomos surpreendidos com uma doação daquelas obras, mas que aceitámos de imediato com algumas limitações que existiam na altura... Depois adquirimos mais algumas obras do mesmo artista, mas não muitas... Também não há muitas no mercado. E agora vamos fazer uma segunda edição do Xavier Trindade com muitas obras que não foram expostas antes e que serão expostas este ano, lá nas Fontaínhas, na nossa Delegação.

Exposição permanente de A. X. da Trindade, na séde da Delegação da Fundação Oriente em Goa

ON – Muito bem. Além disso, a Fundação Oriente fez trabalhos com os nossos edifícios – com o nosso património arquitectónico; e programas de música, como o Festival do Monte!

CM – Sim, quanto à recuperação de edifícios de interesse histórico ou simplesmente arquitectónico aqui em Goa e à volta de Goa, nós, porque tínhamos a noção – o que é normal, enfim – que o que distingue Goa do resto da Índia é que tem uma componente cristã muito grande. E portanto tem as igrejas, tem as capelas e os cruzeiros por aí fora, e nós fomos ajudando nisso, mas depois também sentimos que não podíamos ficar só a apoiar essas iniciativas que nos propunham, e resolvemos ir mais longe do que isso: resolvemos apoiar também uma recuperação dum templo hindu, que para grande espanto de muitas pessoas... –mas estas coisas eu, às vezes, como se costuma dizer, tiro um coelho do chapéu... – e fizemos isso... Foi aceite pelas entidades que controlavam lá o templo hindu e recuperámos o templo hindu. Porque havia sempre umas vozes que diziam ‘porque apoiar sempre as igrejas?’... Eu, claro que tanto apoio as igrejas como apoio os templos hindus. Mas é claro que aqui o que faz mais sentido é apoiar as igrejas porque há uma profusão de igrejas que precisam de ser recuperadas... Mas, pronto, vamos fazendo, temos uma visão muito aberta do que devemos fazer aqui...

ON – Aliás, até calha bem porque os templos hindus aqui são muito diferentes dos templos do resto da Índia. Aqui têm uma característica indo-portuguesa mesmo!

CM – É! Portanto se alguém responsável por alguns templos hindus que tenham que ser recuperados, e que me vá ouvir, podem falar com a dr.ª Inês Figueira [Delegada em Goa], que nós teremos maior prazer em apoiar também a recuperação de templos hindus....

Capela do Monte, restaurada pela Fundação Oriente

Mas depois também a outra parte que estava a dizer: os festivais de música. O festival da Senhora do Monte para nós tem um significado especial porque há dezoito anos que promovemos aquele festival. Primeiro, começámos por recuperar a Capela [do Monte], que foi um trabalho bastante pesado não só do ponto de vista arquitectónico de recuperação, mas também financeiro. Foi muito pesado. Mas, pronto, foi feito e agora é preciso voltar a fazer alguma manutenção porque com o clima que existe aqui às vezes as coisas vão-se deteriorando rapidamente... E agora há uma nova fase de manutenção e de recuperação duma parte que tem que ser feita também....

ON – Os objectivos da Fundação Oriente variam de país para país...

CM – Variam, consoante o que é a realidade em cada país...

ON – O que é que a Fundação gostaria de fazer, mas ainda não conseguiu fazer na Índia?

CM – Há certamente muitas coisas que a gente gostaria de fazer, mas nós temos cingido àquilo que é possível fazer com os meios que temos – porque os nossos meios também não são ilimitados – e passámos a mensagem de que a Fundação Oriente, que foi criada aqui um pouco por iniciativa do dr. Mário Soares... Quando eu fui para presidente da Fundação – foi ele que me convidou, de resto – me chamou à atenção para uma fundação que eu tinha criado, assim, no papel, antes, em Macau, e depois eu fui para Portugal... Ele chamou-me para eu de facto dar vida à Fundação, coisa que eu fiz... Passado muito pouco tempo, ele telefonou-me e diz-me assim: ‘Ouça lá, você não quer fazer qualquer coisa na Índia? Nós precisamos de reforçar os laços com a Índia; as relações ainda estão um bocadinho tremidas. Talvez fosse bom ter qualquer coisa...’ ‘Claro que estamos, e o natural seria Goa’. E ele diz-me assim: ‘Com certeza. Você vá lá e veja se consegue então uma coisa que era muito importante para Portugal e para a Índia, que houvesse uma instituição que fizesse essa ligação, ou que ajudasse a fazer essa ligação.’

E então eu cá vim, como pessoa bem-comportada – que não sou – mas naquela altura fui – vim cá a mando do dr. Soares, para criar a Delegação cá. E ele tinha a noção de que era necessário naquela altura fazer mais qualquer coisa porque aqui – vocês aqui se calhar não se lembram... vocês são todos muito novos, você incluindo é muito novo – vocês não se lembram que há 25 anos não havia nada de português em Goa...

Rão Kyao e o seu Conjunto, no Festival do Monte (2020)

ON – Sim, a gente aqui em Goa perdeu uma geração... completamente... houve um hiato, mas graças a ...

CM – Pronto, mas não havia nada, não havia Consulado, não havia nada. Não havia o Instituto Camões, não havia nada. Por isso é que a gente assumiu o ensino do português também... Bom, e o Consulado, nem pensar nisso!... Bom. E, portanto, estávamos aqui um bocado sozinhos. Não temos funções consulares, portanto não podíamos substituir-nos ao Consulado, mas iamos fazer aquilo que achámos que podíamos fazer, com grande ajuda do Governo, de então, de Goa... Eram pessoas muito compreensivas, e que entenderam bem aquela ideia que o dr. Soares tinha na cabeça, que era preciso fazer qualquer coisa aqui, na Índia e a partir de Goa.

ON – Mas ainda falta algum passo a tomar? O senhor doutor acha que o Governo da Índia ou o de Goa deve tomar um passo que ajude depois a Fundação a actuar melhor?

CM – Eu acho é que poderia haver... Eu gostaria – gostaria, mas este é um desejo e isto tem outras limitações – eu gostaria que o Governo local estivesse mais próximo daquilo que nós fazemos, mas não está muito... Digo a si, em abono da verdade, não está muito... Houve uma altura, há uns anos atrás, que esteve, razoavelmente próximo.... Agora não vou por aqui dizer nomes porque se não arranjo por aqui um sarilho de todo o tamanho, porque já não são os mesmos partidos... arranjo por aqui uma trapalhada, portanto o melhor é não dar nomes... Mas houve uma altura em que estavam muito próximos daquilo que nós fazíamos. E portanto, gostaria que fizessem mais; que o responsável da Cultura aqui tivesse um melhor interesse naquilo que nós fazemos. E em Delhi também, mas em Delhi eu acho que, apesar de tudo, – é longe – mas apesar de tudo, quando se vai lá eles mostram interesse naquilo que nós fazemos na Índia em geral e em Goa em particular...

ON – Os anos 97 e 99 devem ter sido marcos importantes para a Fundação...

CM – 97, não tanto, 99, sim. Em 97, para a Fundação teve um pouco foi o problema da China e o Hong Kong. A questão de Hong Kong não foi dar em nada. O ano de 99 foi mais importante por causa da saída da administração portuguesa de Macau. Isso foi muito importante.

ON – Mas eu falava dos fundos dos casinos, que cessaram...

CM – Não, já antes não havia nada. Eu já tinha tido uma pega com os chineses – que é o meu costumo arranjar assim umas pegas de vez em quando!... (a rir) Não, porque os chineses não levaram a bem que a Fundação tivesse sede em Lisboa e não em Macau. Portanto criou-se ali um mal-estar, e esse mal-estar levou a que eu tivesse que ceder – o que é difícil, porque normalmente eu não cedo com muita facilidade! Em 1997, com efeitos retroactivos em 96, deixámos de receber dinheiro local... E era muito dinheiro que recebíamos de Macau.

ON – Exacto! No entanto, a Fundação soube gerir as coisas: investiu noutros lugares, etc...

CM – A Fundação soube investir e tinha guardado uma almofada grande em termos de liquidez, não gastando tudo aquilo que tinha recebido do passado e pondo de parte... Eu não adivinhava o que ia acontecer, mas felizmente pus de parte uma parte substancial daquilo que tínhamos recebido no passado – coisa que as pessoas me acusavam muito, dizendo: ‘Recebe tanto dinheiro e gasta tão pouco!’ E eu disse: ‘Olhe, é para outros dias.’ Olhe, eles vieram – os dias mais complicados vieram depois. Mas tivemos muita sorte e algum saber... Já não gosto de dizer isso porque quem faz os investimentos sou eu...

Fizemos dois ou três muito bons investimentos que criaram mais valias importantíssimas para a Fundação... Para lhe dar uma idéia – esta é uma área de que as pessoas acham graça, mas que é um bocado árida – nós hoje temos em termos de activos praticamente a mesma coisa do que tínhamos quando começámos a Fundação. E já gastámos para cima de uma fortuna nestes 25 anos, porque ao princípio gastámos muito dinheiro na China, muito mais, se calhar, do que devíamos ter gasto, mas nós tínhamos que afirmar uma posição na China, portanto fizemos um esforço grande em relação a subsídios para a China e, depois, em Macau, e só um bocado depois é que nos virámos para Portugal. E só começámos a trabalhar mais a sério com Portugal já passados alguns anos porque era a altura, fizemos o Museu [do Oriente], que também foi um investimento particularmente grande e onde temos peças indianas muito bonitas ...

ON – A “almofada” de que o senhor doutor falava ajudou a absorver todos os choques dessas bruscas mudanças económicas que houve na Europa...

CM – Exactamente, exactamente!

ON – Apesar de todos os problemas, conseguiu abrir um Museu de que agora falou e que, se calhar, é o maior projecto da Fundação até hoje...

CM – Sim, é o maior projecto da Fundação até hoje. As pessoas gostam muito do Museu. É de facto um museu muito activo, interactivo mesmo. Em Portugal é de longe o museu com mais actividades, para miúdos, para crianças e para jovens. E tem várias componentes: tem yoga... tem tudo! É, portanto, um museu curioso, muito diferente dos outros museus que há por lá. Mas foi de facto um projecto maior que, financeiramente mais pesado... mas está lá... É aquilo, e pronto, nós, a Administração, temos agora encostado ao Museu um edifício que é o nosso edifício da Administração, que do edifício que estava no meio da cidade passou para ali... e agora estamos todos juntos. É um projecto que hoje é um todo que faz sentido...

Concerto de música sacra, no Festival realizado na Capela do Monte (2020)

ON – O senhor doutor passou do sector governamental para o sector privado...

CM – Não, passei do sector privado muito brevemente para o sector governamental, como você diz, e depois rapidamente também saí outra vez e voltei. Não é que tenha algo contra o público, não tenho; antes pelo contrário, mas a vida é assim. Tive aquela oportunidade que me foi dada pelo dr. Soares para ir para Macau, e estive em Macau 14 meses, não estive mais, e voltei outra vez para o privado...

ON – E o que significa para o doutor, pessoalmente, o ter estado à testa da Fundação Oriente há 32 anos?

CM – 32 anos: o que é que significa? Significa que estou velho! (a rir) Não, significa que apesar de tudo é interessante – eu não escondo – acompanhar um projecto que eu próprio criei. Isso é interessante para mim ver a evolução da Fundação com uma forma sólida: é isso, e de outra forma não poderia ser, porque eu sou conhecido – e pergunte ali à dr.ª Inês, ela dirá a mesma coisa – eu sou muito agarrado ao dinheiro, de maneira que estou sempre a fazer poupanças em tudo...

ON – E faz bem, porque o senhor doutor disse uma vez que sem dinheiro não se faz nada... não se faz cultura!...

CM – Pois não! Não se faz cultura, não se faz nada! Às vezes as pessoas da Cultura não funcionam bem assim. Acham que o dinheiro tem que aparecer de algum lado, mas não querem saber de onde. Lançam-se e dizem: ‘Ah, agora o dinheiro há-de aparecer.’ Mas não é assim; não é assim, e de facto, sem dinheiro não se faz rigorosamente nada! Por isso é preciso, antes de mais nada, meter uma gestão sã nos activos deste tipo de instituições como doutros, e é preciso fazê-lo...

ON – Temos que agradecer ao senhor doutor por todo o trabalho que a Fundação tem feito aqui por Goa. E queria saber quais os seus sonhos para o próximo futuro...

CM – Os meus sonhos?! Eu já estou velho para ter muitos sonhos! Vou tendo alguns, apesar de tudo! Bom, aqui em Goa? Eu nunca pus de parte completamente a hipótese, noutro campo que não cultural, de investir em Goa. Houve uma altura em que ainda pensei em investir na hotelaria porque a Fundação tinha várias participações na hotelaria, e ainda tem. Tem em Timor um hotel, em Lisboa neste momento só tem um. Mas na área grande de Lisboa, tem um. E pensei depois: é muito longe! E para gerir as coisas assim, à distância, é complicado, portanto esse projecto não avançou. Mas se aparecer um outro projecto qualquer, não digo que não a estudar um eventual investimento aqui em Goa.

Emmanuel de Noronha, Orlando de Noronha, Carlos Monjardino, Maria Inês Figueira, Óscar de Noronha

ON – Entretanto continuam com as coisas que já começaram... A Delegação aqui está a fazer um belíssimo papel...

CM – Espero que considerem que sim!

ON – Sim! Sim, sim!

CM – Se não temos que agarrar aí a dr.ª Inês! (a rir)

ON – Então, senhor doutor, com isto agradecemos muito esta conversa e desejamos muitos anos de vida para o senhor doutor – que continue com os sonhos – e todo o sucesso para a Delegação da Fundação Oriente em Goa!

CM – Muito obrigado, muito obrigado!

ON –  Muito obrigado sou eu.

(Entrevista radiodifundida em 23 de fevereiro de 2020, no programa Renascença Goa, acessível no You Tube: https://www.youtube.com/watch?v=4HqO1k5iDX4; e publicada na Revista da Casa de Goa, II Série, No. 4, Maio-Junho 2020)


All about Amor

Maria do Carmo Piçarra’s talk at Fundação Oriente, Panjim, was titled “Behind the Portrait of Antunes Amor, Educator and Pioneer of Cinema in Goa”. A researcher at Instituto de Comunicação da Nova (ICNOVA), Lisbon; assistant professor at University of the Arts, London (UAL); and a Fundação Oriente scholar, Piçarra holds a doctorate in Communication Sciences. She is a film programmer; author of several publications, among them Azuis Ultramarinos. Propaganda colonial e censura no cinema do Estado Novo (2015) and Salazar vai ao cinema (2006, 2011), and principal editor of (Re)Imagining African Independence. Film, Visual Arts and the Fall of the Portuguese Empire (2017).

Piçarra contextualised a painting titled “Mr. Amor. The Portuguese Agent” (1917) from the Trindade Collection on permanent display. That striking piece of art by the Bombay-based Goan painter António Xavier Trindade (1870-1935) was gifted to the Foundation by Dr Marcella Sirhandi, a friend and biographer of the artist.

Piçarra spoke of Amor’s cinematographic forays in Macau, where he screened his first amateur movie. She also mentioned the films he made about school life, history, and so on, while in Goa. A strong defender of the pedagogical and propagandist uses of cinema, Amor had several of his films shown in local halls.

The precious little I already knew of Manuel Antunes Amor (1881-1940) I had heard from my father a quarter of a century ago; I was now surprised to see him again! Trained in Germany in the early twentieth century, Amor (‘Love’, in Portuguese) was a self-opinionated gentleman whose tenures as primary school inspector in Goa (1916, 1922) were mired in controversy.

Finally, Piçarra's remark that Amor was particularly suspicious of lawyers reminded me of that high-profile polemic he had with Joaquim de Araújo Mascarenhas (1886-1946), a Goan legal eagle who doubled as Portuguese language teacher at Liceu Nacional de Nova Goa. A lethal combination it proved to be.

An article titled “O ensino primário e a incúria do Estado” ('Primary school education and State neglect') that Araújo Mascarenhas wrote for the maiden issue of the monthly Boletim de Educação e Ensino (April 1927) made Amor see red. He wrote a censorious rejoinder, “Sem autoridade nem razão” ('Devoid of authority or reason'), in the very next edition.

Araújo Mascarenhas dashed off a point-by-point rebuttal. The Boletim’s editorial board that comprised primary school teachers declined to publish it, possibly fearing the inspector's wrath. It led the redoubtable polemist to bring out a volume titled Resposta a uma provocação ('In Response to a Provocation').

Sadly, the Boletim folded up in August that year, but not before the long series of events had vitiated the atmosphere. No wonder the very gifted Mr Amor was someone many Goans loved to hate.